Partidos devem vetar apoio de deputados a Bolsonaro
Uma das apostas da campanha presidencial de Jair Bolsonaro pode ser barrada nos próximos dias. Com a consolidação de outras pré-candidaturas e coligações, o comando das legendas deve limitar o apoio de parlamentares ao presidenciável. Bolsonaro deixa o PSC e se flia ao PSL nesta quarta-feira (7). Deve levar com ele cerca de 10 deputados, mas outros apoiadores irão se manter nas legendas atuais por questões eleitorais.
É o caso, por exemplo, de Onyx Lorenzoni (DEM-RS) e Capitão Augusto (PR-SP). "Não vou sair do DEM. Avisei em dezembro que apoiaria Bolsonaro", afirmou Lorenzoni ao HuffPost Brasil. O partido, contudo, deve lançar o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), como pré-candidato ao Planalto nesta quinta-feira (8), na convenção da sigla.
Para o atual presidente da legenda, senador Agripino Maia (DEM-RN), a pretensão da candidatura de Maia é legítima e será cobrado apoio entre os correligionários. "Não tem sentido membros do partido apoiarem outros candidatos, até pela história de coerência e de tradição do Democratas", afirmou ao HuffPost Brasil.
Se o DEM tem candidato próprio, o PR, do Capitão Augusto, por sua vez, deve apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), caso sua candidatura seja autorizada pela Justiça Eleitoral. Se isso não acontecer, o partido analisa se aliar ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).
Bolsonaro aumenta poder do PSL
Tanto o DEM quanto o PR contam com bancadas significativas no Congresso, o que tem impacto na distribuição do fundo partidário, do fundo eleitoral e do tempo de rádio e televisão para propaganda. Atualmente, o DEM conta com 33 deputados federais e o PR com 37.
De acordo com o deputado Delegado Waldir (PR-GO), no PR ele teria entre R$ 2 milhões e R$ 2,5 milhões para campanha à reeleição. Mesmo assim, ele resolveu migrar para o PSL para reforçar o palanque de Bolsonaro. "Vou pelo patriotismo, pela defesa da família", afirmou ao HuffPost Brasil. Segundo o parlamentar, a mudança é para ajudar a consolidar o partido, hoje com apenas 3 deputados federais.
Com pouco tempo de televisão e poucos recursos dos fundos partidário e eleitoral, o PSL tem oferecido cargos regionais. Waldir assumirá a presidência de sua nova legenda em Goiás. O comando da sigla no Paraná, por sua vez, já está nas mãos do deputado Delegado Francischini (SD-PR), que muda oficialmente para a sigla nesta quarta.
Apoio sem fronteiras
Se por um lado o presidenciável atraiu simpatizantes para o PSL, a influência é limitada. Muitos aliados repetem o discurso do "apoio suprapartidário". De acordo com Lorenzoni, que acompanhou Bolsonaro em viagem para o Japão, há 44 deputados apoiadores.
Waldir, por sua vez, diz que a chamada "bancada BBB", termo usado para se referir às bancadas da bala (segurança), do boi (ruralista) e da Bíblia (religiosa), também está ao lado do pré-candidato.
O deputado Capitão Augusto, que continuará no PR, aponta questões práticas que impedem parlamentares de deixarem legendas maiores. Ele lembra que o PSL pode ter dificuldade de superar o quociente eleitoral, por exemplo. "Em são Paulo vai precisar de 300 mil votos para ter uma cadeira", afirmou ao HuffPost Brasil.
A partir das eleições deste ano, outro desafio para as pequenas legendas é a cláusula de barreira. Para ter acesso ao fundo partidário, será preciso eleger 9 deputados federais ou ter pelo menos 1,5% dos votos nacionais para esse cargo, em pelo menos 9 estados.
Licença de Bolsonaro para campanha
Uma das sugestões feitas a Bolsonaro para alavancar é tirar licença do mandato e viajar pelo País. A proposta, entretanto, não deve vingar.
Um dos que rejeitam a ideia é o deputado Capitão Augusto. Para ele, compensa mais o presidenciável investir no trabalho no Congresso. "
Tem uma visibilidade ótima, pode usar a tribuna, tem projetos importantes a serem votados e é só terça-feira e quarta-feira", afirmou. A prioridade no Congresso agora, após a intervenção federal no Rio de Janeiro, são justamente propostas se segurança pública, uma das bandeiras centrais do presidenciável.
De acordo com a Câmara, qualquer deputado tem direito a licença por motivos particulares de até 120 dias. Nesse caso, o suplente não assume o cargo e o parlamentar não recebe salário nem outras remunerações, como a cota parlamentar.
A legislação eleitoral, por sua vez, proíbe a propaganda eleitoral antes de 16 de agosto. É vedado, por exemplo, que o pré-candidato peça votos. Bolsonaro negou, por meio de sua assessoria de imprensa, que irá se licenciar do mandato para se dedicar à campanha.
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