Enem 2017: por que Drummond é o mais cobrado no exame? Veja top 10 autores e os que são tendência
Levantamento do Sistema Ari de Sá aponta que poeta mineiro foi citado 18 vezes desde 1998. Para professor, poesia marginal tende a cair cada vez mais.
O mineiro Carlos Drummond de Andrade é o campeão de
citações dentro da prova de Linguagens desde que o
Enem foi aplicada pela primeira vez em 1998. De acordo com levantamento do Sistema Ari de Sá (SAS), entre os
10 escritores mais citados, sete são poetas e três prosadores.
Veja abaixo:
Carlos Drummond de Andrade – 18
Manuel Bandeira – 6 vezes
Machado de Assis – 6 vezes
Mario de Andrade – 6 vezes
Ferreira Gullar – 5 vezes
João Cabral de Melo Neto – 5 vezes
Oswald de Andrade – 4 vezes
Vinicius de Moraes – 4 vezes
Luís Fernando Veríssimo – 4 vezes
Álvares de Azevedo – 3 vezes
Rubem Braga – 3 vezes
A lista tem dois nomes que são identificados com os
contos: Luís Fernando Veríssimo e Rubem Braga. Outro
prosador na lista é Machado de Assis, que tem produção
em praticamente todos os gêneros e é consenso como o
maior dos escritores brasileiros.
O QUE EXPLICA DRUMMOND EM 1º?
O professor João Filho, do SAS, lembra a lista dos
10 mais citados tem 9 escritores modernistas, sendo
apenas Machado a exceção. Entre todos os
citados, Drummond tem destaque por vários motivos, entre
eles a diversidade de temas da sua obra, estilo e volume da produção. “Ele é a síntese a poesia modernista, tem
linguagem acessível, embora os temas não sejam tão
acessíveis assim”, afirma o professor.
Ele lembra que Drummond fala de Itabira e sua
identidade, aborda questões sociais, filosóficas e
até sobre a própria poesia. As 18 citações do poeta
no Enem foram contabilizadas apenas na prova de
Linguagens. Mas o número seria maior se fosse
considerada outras áreas, já que o mineiro foi usado
até mesmo na prova da Ciências da Natureza em questão
sobre o impacto da mineração. “Só não vi, ainda, na prova
de matemática”, diz Filho.
Para o professor, a preferência pelos modernistas
é justificada pela visão que o Enem tem da literatura
brasileira. "(A literatura modernista) reflete os anseios da multiculturalidade brasileira. Do parnasianismo para
trás, o que se faz de literatura é cópia do que se produz
O FUTURO PERTENCE AOS MARGINAIS
A tendência, na análise do professor do SAS, é
que a poesia marginal da década de 1970 esteja cada
vez mais presente na prova. Nomes como
Paulo Leminsk, Ana Cristina César e Chacal estão
entre os poetas da chamada "geração mimeógrafo".
“Eles estão sendo revistos”, diz Filho. O professor
conta que a literatura típica dessa geração é
extremamente atual, com senso crítico mordaz e
linguagem direta.
“É perigoso quando o louco sobe ao poder.
Aí é meio
desagradável. Quando ele é eleito
governador, ministro, presidente da
República. Presidente da República
então, é um caso sério. Nós já tivemos exemplo
disso” – Carlos Drummond de Andrade
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