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Genes editados com a técnica Crispr são injetados pela 1ª vez em humanos


Chineses injetaram células em paciente com câncer de pulmão após desativar nelas uma proteína que inibe resposta imunológica.

grupo de pesquisadores chineses tornou-se o primeiro a injetar numa pessoa células que contêm genes editados usando a revolucionária técnica Crispr-Cas9, noticiou nesta terça-feira (15) a revista "Nature".
Em 28 de outubro, o time liderado pelo oncologista Lu You, Universidade de Sichuan, em Chengdu, injetou as células modificadas em um paciente com um agressivo câncer de pulmão, como parte de um ensaio clínico no West China Hospital, também de Chengdu.
Testes clínicos anteriores usando células editadas com uma técnica diferente animaram cientistas. A introdução de Crispr, que é mais simples e mais eficiente do que outras técnicas de edição de genes, provavelmente acelerará a corrida para obter células com genes editados, aponta a "Nature".
A edição de DNA com o Crispr é tida como um dos maiores avanços científicos recentes. Após cientistas conseguirem aprimorá-la para uso prático em 2012, em 2015 sua popularidade explodiu e seus usos são incontáveis. Já foi usado para alterar o genoma de embriões humanos, criar cães extramusculosos, porcos que não contraem viroses, amendoins antialérgicos e trigo resistente a pragas.
O trabalho de Lu You com humanos recebeu aprovação ética de um comitê de revisão do hospital em julho. As injeções nos participantes deveriam começar em agosto, mas a data foi adiada, diz Lu, porque cultivar e amplificar as células levou mais tempo do que o esperado e, em seguida, a equipe entrou em férias.
O procedimentoOs pesquisadores coletaram células imunológicas do sangue do receptor e, em seguida, desativaram um gene nelas usando CRISPR-Cas9, que combina uma enzima para recortar o DNA com uma guia molecular que pode ser programada para dizer à enzima exatamente onde fazer o corte. O gene desativado codifica a proteína PD-1, que normalmente bloqueia a resposta imune de uma célula -- os cânceres aproveitam essa função para proliferar.
A equipe de Lu então cultivou as células editadas, aumentando seu número, e as injetou de volta no paciente, que tem câncer de pulmão metastático. A esperança é que, sem a PD-1, as células editadas irão atacar e derrotar o câncer.

Lu diz que, por enquanto, o tratamento correu bem, e que o participante receberá uma segunda injeção, mas se recusou a dar detalhes por causa da confidencialidade do paciente. A equipe pretende tratar um total de dez pessoas. Cada um receberá duas, três ou quatro injeções.
Esse é principalmente um teste de segurança, e os participantes serão monitorados por seis meses para determinar se as injeções estão causando efeitos adversos graves. A equipe de Lu também vai observá-los além desse tempo para ver se eles parecem estar se beneficiando do tratamento.

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