Benzedeiras modernas criam escola no DF e atendem por videoconferência
Escola de Benzedeiras reúne interessados em aprender e ensinar a 'tradição de benzer'. Grupo foi criado em 2016 e organiza evento na capital federal em maio.
Nos jardins de uma casa no Lago Norte, região administrativa do
Distrito Federal, um grupo de mulheres se reúne quinzenalmente para
manter uma tradição bem antiga: a das benzedeiras. Para quem visualizou
a cena e imaginou senhoras simpáticas com galhos de alecrim em mãos,
o cenário pode surpreender. As integrantes da Escola de Benzedeiras,
em sua maioria, têm entre 40 e 50 anos e descobriram, nas novas
tecnologias, meios para preservar os ensinamentos transmitidos pelas
avós e bisavós.
Desmistificando o estereótipo da benzedeira, a assistente social Maria da Conceição Bezerra, 53, decidiu, em setembro do ano passado, reunir
pessoas interessadas em aprender e ensinar o legado de seus ancestrais.
O grupo já contou com participação até de crianças. Assim, surgiu a
escola, um dos braços do Movimento Evoluir -- grupo terapêutico que
propaga na cidade o autoconhecimento e busca por métodos de saúde alternativos.
Filha e neta de benzedeiras, Maria tem espantado as “energias negativas”
de quem a procura – mesmo que a quilômetros de distância. As distâncias
físicas não impedem que a assistente social faça seus atendimentos.
“A moça que trabalha na minha casa pediu para eu benzer a bebê dela. Usamos um aplicativo de videoconferência e deu certo. Posso dizer que sou uma benzedeira dos tempos modernos.”
Ao lado da terapeuta holística Dalkires Reis, 50, da bancária Adriana
Acorsi, 50, e das aposentadas Dulce de Carvalho, 75, e Zenilde Fontes,
81, Maria partilha suas experiências e incorpora novos ensinamentos.
Essas eram as benzedeiras que estavam reunidas em 10 de março, dia
em que a reportagem participou de uma das aulas da escola. Na ocasião,
elas dividiam dicas para atrair “bons fluídos” para as casas.
Sal grosso, chá de alecrim com manjericão e mel foram algumas das
receitas que as mulheres discutiram durante o encontro. “Somos alunas
e professoras uma das outras”, resumiu Zenilde.
Na mesa em que estavam dispostas, uma réplica de uma tartaruga –
um dos símbolos mais antigos para representar a
proteção e a cura –, ramos de ervas e cartas com mensagens de autoajuda integravam a decoração.
Na ocasião, não havia imagens de santos cristãos. O sincretismo é
parte desse movimento de renovação das benzedeiras, algo diferente
das benzedeiras antigas, doutrinadas à fé em Cristo. “O que
trabalhamos aqui é a espiritualidade, e não a religião”, apontou Dalkires.
As benzedeiras modernas vêm de outras experiências religiosas como
o espiritismo e o xamanismo. A religião cristã, embora professada por
muitas delas, não atua como protagonista na escola.
Nos jardins de uma casa no Lago Norte, região administrativa do
Distrito Federal, um grupo de mulheres se reúne quinzenalmente para
manter uma tradição bem antiga: a das benzedeiras. Para quem visualizou
a cena e imaginou senhoras simpáticas com galhos de alecrim em mãos,
o cenário pode surpreender. As integrantes da Escola de Benzedeiras,
em sua maioria, têm entre 40 e 50 anos e descobriram, nas novas
tecnologias, meios para preservar os ensinamentos transmitidos pelas
avós e bisavós.
Desmistificando o estereótipo da benzedeira, a assistente social Maria da Conceição Bezerra, 53, decidiu, em setembro do ano passado, reunir
pessoas interessadas em aprender e ensinar o legado de seus ancestrais.
O grupo já contou com participação até de crianças. Assim, surgiu a
escola, um dos braços do Movimento Evoluir -- grupo terapêutico que
propaga na cidade o autoconhecimento e busca por métodos de saúde alternativos.
Filha e neta de benzedeiras, Maria tem espantado as “energias negativas”
de quem a procura – mesmo que a quilômetros de distância. As distâncias
físicas não impedem que a assistente social faça seus atendimentos.
“A moça que trabalha na minha casa pediu para eu benzer a bebê dela. Usamos um aplicativo de videoconferência e deu certo. Posso dizer que sou uma benzedeira dos tempos modernos.”
Ao lado da terapeuta holística Dalkires Reis, 50, da bancária Adriana
Acorsi, 50, e das aposentadas Dulce de Carvalho, 75, e Zenilde Fontes,
81, Maria partilha suas experiências e incorpora novos ensinamentos.
Essas eram as benzedeiras que estavam reunidas em 10 de março, dia
em que a reportagem participou de uma das aulas da escola. Na ocasião,
elas dividiam dicas para atrair “bons fluídos” para as casas.
Sal grosso, chá de alecrim com manjericão e mel foram algumas das
receitas que as mulheres discutiram durante o encontro. “Somos alunas
e professoras uma das outras”, resumiu Zenilde.
Na mesa em que estavam dispostas, uma réplica de uma tartaruga –
um dos símbolos mais antigos para representar a
proteção e a cura –, ramos de ervas e cartas com mensagens de autoajuda integravam a decoração.
Na ocasião, não havia imagens de santos cristãos. O sincretismo é
parte desse movimento de renovação das benzedeiras, algo diferente
das benzedeiras antigas, doutrinadas à fé em Cristo. “O que
trabalhamos aqui é a espiritualidade, e não a religião”, apontou Dalkires.
As benzedeiras modernas vêm de outras experiências religiosas como
o espiritismo e o xamanismo. A religião cristã, embora professada por
muitas delas, não atua como protagonista na escola.
Benção
No encerramento da reunião, duplas são formadas. É a hora de benzer.
Com três galhos de alecrim em mãos, uma das mulheres se posiciona
em frente à outra e inicia um processo de purificação e de atração das
tão desejáveis “energias positivas”. Algumas lágrimas escorrem do
rosto de Maria. No caso de Dulce, uma onda de bocejos toma conta
da aposentada.
Elas explicam que essas reações são normais – consequências do
processo. Alternam-se os pares, o mesmo ritual se repete e, para
finalizar, uma espécie de oração é proferida por todas ali.
Cada participante retira uma das cartas posicionadas na mesa.
A leitura pode ser feita em voz baixa ou alta. Em um dos quadrados
escolhidos pela repórter, a mensagem era sobre “gratidão”.
Maria confessou perceber que as pessoas saem dali mais poderosas.
“Você sente uma mudança. Uma autoconfiança e uma sensação
de estar mais leve, serena”, disse a assistente social. Após os
encontros, todos que se sentirem aptos podem benzer aqueles
que batem à porta ou chamam por aplicativos de videoconferência.
Todos os serviços são gratuitos, como manda a tradição.
Como parte desse processo de renovação, a escola organizará,
em Brasília, o encontro “Despertar da Benzedeiras” em 21 de maio.
Entre as 10h e 17h, pessoas de todas as idades estão convidadas
a conhecer a proposta do grupo. Outras informações sobre o evento
podem ser esclarecidas pelo e-mail benzedeiras.brasilia@gmail.com.
No encerramento da reunião, duplas são formadas. É a hora de benzer.
Com três galhos de alecrim em mãos, uma das mulheres se posiciona
em frente à outra e inicia um processo de purificação e de atração das
tão desejáveis “energias positivas”. Algumas lágrimas escorrem do
rosto de Maria. No caso de Dulce, uma onda de bocejos toma conta
da aposentada.
Elas explicam que essas reações são normais – consequências do
processo. Alternam-se os pares, o mesmo ritual se repete e, para
finalizar, uma espécie de oração é proferida por todas ali.
Cada participante retira uma das cartas posicionadas na mesa.
A leitura pode ser feita em voz baixa ou alta. Em um dos quadrados
escolhidos pela repórter, a mensagem era sobre “gratidão”.
Maria confessou perceber que as pessoas saem dali mais poderosas.
“Você sente uma mudança. Uma autoconfiança e uma sensação
de estar mais leve, serena”, disse a assistente social. Após os
encontros, todos que se sentirem aptos podem benzer aqueles
que batem à porta ou chamam por aplicativos de videoconferência.
Todos os serviços são gratuitos, como manda a tradição.
Como parte desse processo de renovação, a escola organizará,
em Brasília, o encontro “Despertar da Benzedeiras” em 21 de maio.
Entre as 10h e 17h, pessoas de todas as idades estão convidadas
a conhecer a proposta do grupo. Outras informações sobre o evento
podem ser esclarecidas pelo e-mail benzedeiras.brasilia@gmail.com.
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