Na BA, homenagens a Bom Jesus dos Navegantes marcam 1º dia do ano

Multidão lotou Basilica de Conceição da Praia neste domingo (1º).
Procissão marítima com imagem do santo partiu do píer da Capitania.

A fé e a esperança de um ano novo repleto de paz levaram centenas de baianos e turistas até a Basílica de Nossa Senhora de Conceição da Praia, em Salvador, neste domingo  (1°), para celebrar o dia de Bom Jesus dos Navegantes e de Nossa Senhora da Boa Viagem. A data é tradicionalmente comemorada pelos fiéis no primeiro dia do ano. 

Sob o título "O olhar fixo em Jesus: a vocação da família", a missa que marcou o início das celebrações, por volta das 8h, foi presidida pelo Arcebispo Primaz do Brasil, Dom Murilo Kriguer. Durante a cerimônia, o religioso passou para os fiéis mensagens de fé e amor.

Entre os devotos que chegaram cedo para acompanhar a celebração, estava a aposentada Ester Pitágoras, de 85 anos. A idosa contou que começou a frequentava as missas em companhia do pai e dos irmãos, quando ainda era criança.

Dona Ester foi até a igreja com a filha para pedir boas novas para 2017. "Neste ano, eu desejo que haja saúde, paz e amor para todos. O mundo está muito violento e carece disso", disse a aposentada.

Após a missa, por volta das 9h30, os devotos partiram em procissão a pé com a imagem de Bom de Jesus dos Navegantes, até o píer da Capitania dos Portos, que fica quase em frente à Basílica de Nossa Senhora da Conceição da Praia, no bairro do Comércio.

O bairro é o mesmo onde milhares de pessoas celebraram a chegada do novo ano em Salvador. A festa teve início por volta das 18h e seguiu até a madrugada deste domingo. Os artistas Amanda Santiago, Wesley Safadão, Natiruts, Luan Santana, Psirico e Third Party se apresentaram. A contagem regressiva da virada foi comandada pelo cantor Saulo e teve show de fogos de 15 minutos.

Emocionada, a idosa Neusa Figueiredo, de 80 anos, acompanhou todo o cortejo e cantou em homenagem ao santo com os outros fiéis. Com problemas de saúde que tornam difícil a caminhada, ela não se deixou abater e seguiu com fé.

"As pernas estão doentes, mas estou aqui agradecendo. Temos que agradecer pela vida, sendo as coisas boas ou não. Tem que agradecer", disse.

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Auxiliando a carregar a imagem de Bom Jesus dos Navegantes estava Livaldo Matos, de 59 anos. Devoto desde criança, há 31 anos ele integra a "Equipe de Praia", que faz o transporte da imagem do santo até a Baía de Todos-os-Santos para procissão marítima.

Para Livaldo Matos, a atividade é muito importante e marca o início do ano. "Carregar a imagem significa paz, força de vontade e esperança. A fé é tudo. Sem fé não vamos a lugar nenhum", contou.

Como ocorre tradicionalmente em todos os anos, ao chegar no píer, por volta das 10h, a imagem embarcou na galeota Gratidão do Povo, rumo à Igreja de Boa Viagem, na Praia de Boa Viagem. Dezenas de barcos com fiéis acompanharam a procissão marítima até a igreja. Ao chegar lá, o santo se junta à imagem de Nossa Senhora da Boa Viagem e a celebração dos fiéis tem continuação com a veneração dos santos.

História
Apesar de não haver uma data precisa sobre a origem da celebração, acredita-se que ela começado ainda no século XVIII, momento em que o tráfico negreiro e o comércio marítimo eram bastante intensos. O culto ao Bom Jesus dos Navegantes surge quando os marinheiros começaram a pedir proteção ao Bom Jesus contra as mazelas que os afligiam durante as longas viagens.

Nessa época, nasce uma das mais significativas festas religiosas da Bahia, que leva milhares de fiéis à igreja da Conceição da Praia no primeiro dia do ano. Os preparativos para esta celebração são iniciados no dia 27 de dezembro e finalizados no primeiro domingo após o primeiro dia do ano.

A celebração é tradicionalmente realizada em duas igrejas diferentes, a Basílica de Nossa Senhora da Conceição da Praia e a Igreja da Boa Viagem. A Galeota Gratidão do Povo também tem um papel importante nesta celebração, pois realiza o transporte marítimo da imagem do Bom Jesus até a igreja da Boa Viagem desde o dia 27 de dezembro de 1891.

A galeota foi construída no ano de 1891, quando houve uma separação entre a Igreja e o Estado, logo após a Proclamação República. Devido à Proclamação, a Marinha, que até então realizava o transporte da imagem, achou que não deveria mais participar da procissão. Nesse momento, a igreja encomendou a construção da galeota Gratidão do Povo.