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O que será da Lava Jato sem Teori?



O ministro Teori Zavaski morreu em acidente aéreo, mas a Operação Lava Jato vai continuar. É provável que ocorra alguma mudança no calendário porque o próximo passo, que é homologação da megadelação premiada da Odebrecht  prevista para os primeiros dias de fevereiro , pode sofrer algum atraso até que seja designado um novo relator para tratar dos processos contra políticos no Supremo Tribunal Federal.

Nada deve acontecer até o fim do luto de três dias decretado pelo presidente Michel Temer. Depois do velório e do enterro, a presidente do STF, ministra Carmen Lúcia, deverá se pronunciar sobre a forma de escolha do novo relator.

Até lá, com seu jeito mineiro, ela irá conversar com os colegas para encontrar o melhor caminho, diz um integrante da Suprema Corte. O mais provável é invocar o artigo 68 do regimento interno do STF que prevê a possibilidade de redistribuição dos processos que estavam com um ministro falecido ou que tenha se aposentado.

Tudo isso demanda tempo. Mais ainda para que o novo relator consiga ler as mais de 800 páginas dos depoimentos dos 77 delatores da Odebrecht. Teori acompanhou a Lava Jato desde o início. Agora, terá de ser escolhido outro relator; e depois será necessário dar tempo para que ele tome conhecimento de tudo o que se passou nos últimos anos no país.

Em dezembro, quando muito se falou em pressões para o STF acelerar os processos contra os políticos, ministros da Suprema Corte conversaram sobre o papel que lhes cabe neste julgamento que vai envolver mais de duas centenas de políticos.

A convicção por lá é a de que a sociedade está atenta e que o STF não pode deixar de responder a esses anseios da sociedade.

O próprio Teori gostava de repetir que o juiz não podia perder a capacidade de julgar  para condenar ou para absolver. Era uma resposta a pressões por condenações mais rápidas, sobretudo aos que faziam comparações entre os prazos na primeira instância e no STF, esses, mais lentos.

"O século 21 é o século do Judiciário", analisou a ministra Carmen Lúcia em conversa com colegas.


Para ela, o século 20 foi o século do Executivo e, agora, é a vez do Judiciário, que precisa estar preparado, pronto, para dar respostas à sociedade.

Ela também entende que "o mundo mudou". E explica que coisas que eram aceitas até há algum tempo, hoje não são mais suportáveis pela sociedade. E o Supremo terá de lidar com estas novas exigências da sociedade.



É por isso que no STF, em conversas separadas ou coletivas, a convicção dos ministros é a de que a Lava Jato tem dinâmica própria. Nem a perda daquele que mais conhecia as investigações e depoimentos irá paralisar processo.

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