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Fotógrafos registram pedidos de Ano Novo de moradores de rua de Mogi


Sete moradores escrevem aquilo que esperam para o próximo ano.
Em vez de bens materiais, grupo espera paz e rever as famílias.
Com apenas uma lousa e um giz, um grupo de sete moradores de rua de Mogi das Cruzes teve a oportunidade de escrever aquilo que espera para 2017. Enquanto muita gente quer dinheiro, casa nova e trocar de carro, o grupo que vive nas ruas e nas praças, sonha com paz, bênçãos e rever a família. Os pedidos tocaram até mesmo o grupo de fotógrafos do coletivo Everyday Mogi, que fez a sessão de fotos.
Um dos pedidos que mais impressionam foi escrito por Roberto. Apesar de morar nas ruas, ele fez questão de escrever em inglês: “I hope is the family... that I lovers... Lídia, Love", querendo dizer, "eu espero é a família que eu amo".

Para o fotógrafo Pedro Chavedar, os pedidos e a atitude de Roberto, foram marcantes. “As pessoas têm desejos, vontades e fomos ouvir os moradores de rua, que são pessoas invisíveis na sociedade em que vivemos. O Roberto pediu pra escrever e ele escreveu em inglês ainda. Ele é super culto, entende de rock”, comenta.
As fotos foram feitas na região Central de Mogi das Cruzes, na Região Metropolitana de São Paulo. Os fotógrafos contaram que alguns moradores em situação de rua preferiram não escrever o que esperam para 2017 por vergonha da letra, ou por não saberem escrever. Como foi o caso de Izildinha que pediu ajuda dos fotógrafos para dizer que espera “sair da rua e ter a minha família de volta”.
Pouco conhecimento em gramática e a letra, que não é redondinha, não impediram que Liodoro desejasse “pas no mundo”. 
William Rodrigues, de 32 anos, também conhecido pelos vizinhos do Largo Bom Jesus como "Soneca", quer “mais paz e amor”. Ele, junto com outras pessoas que vivem na praça, faz parte de projetos culturais desenvolvidos pela associação cultural Casarão da Mariquinha, instalado em um casarão do século XIX, que fica ali perto.
Sérgio foi generoso no seu pedido para o próximo ano e desejou bênçãos. “A gente sabe que ele tem um filho. Por isso ele pediu que Deus abençoe as famílias”, conta o fotógrafo. Valdir, outro morador conhecido do Largo Bom Jesus, espera uma “grande vitória”.
Pedro Chavedar, que junto com mais quatro amigos fotografam o cotidiano da cidade há dois anos, disse que a simplicidade dos desejos foi surpreendente. “A nossa ideia era que eles fossem pedir coisas materiais, como cama, escova de dente, mas foi marcante. Eles pediram coisas intocáveis e essenciais, como paz, reencontrar a família, bênção. Foi muito engrandecedor ver aquilo que eles dão valor.”
O fato de terem sido notados, serem posicionados diante das lentes de uma câmera, sendo a figura principal para uma foto e, não apenas um plano de fundo do cotidiano, também foi motivo de agradecimento por parte dos moradores de rua.
“Para a gente, ficar ali cinco minutos conversando com eles não é nada, mas eles dão muito valor a quem se dispõe a conversar e nos agradecem muito por isso. Nós temos uma certa relação com os moradores de rua e queremos que eles deixem de ser invisíveis. Final de ano é uma época que todo mundo está correndo pensando nas ceias, em presentes e não percebem as coisas que são verdadeiramente importantes. Eles também são pessoas e também tem desejos para 2017, talvez eles saibam até mais do que a gente o que é importante", finaliza.

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