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Pesquisa desvenda segredo do cérebro para ouvir conversa em meio a barulho de festa


Objetivo dos cientistas americanos é aperfeiçoar tecnologia que auxilia pessoas com dificuldades de audição e fala.
Registros feitos diretamente do cérebro de um grupo de pacientes revelaram o que acontece quando conversamos em um local barulhento. É o que os cientistas chamaram de "the cocktail party effect", algo como "o efeito festa" em tradução livre.
O fenômeno, comum em ambientes barulhentos, interessa aos cientistas que buscam melhorar a tecnologia dos aparelhos de reconhecimento de voz.
Para isso, neurocientistas americanos analisaram o que ocorre no cérebro humano no momento em que uma fala incompreensível subitamente faz sentido.
As descobertas da pesquisa, chefiada por Christopher Hold Graf, da Universidade da Califórnia, foram publicadas na respeitada revista científica Nature Communications.
Os pesquisadores mediram a atividade cerebral ocorrida quando palavras de uma frase ininteligível de repente se tornavam claras assim que a pessoa era informada sobre o significado do que antes era incompreensível.
Holdgraf e seus colegas trabalharam com sete pacientes epilépticos, que já tinham eletrodos implantados na superfície do cérebro para monitorar convulsões causadas pela doença.

Filtrando o som

Primeiro, os pesquisadores fizeram cada paciente escutar uma frase muito distorcida, incompreensível e que quase ninguém havia sido capaz de entender.
Em seguida, fizeram com que ouvissem uma versão da mesma frase fácil de entender e repetiram imediatamente a gravação anterior, que não tinha sido compreendida.
"Depois de ouvir a frase clara", explicaram os pesquisadores na publicação, todos os pacientes compreenderam a "versão com ruído".
O monitoramento dos pacientes mostrou que o momento do reconhecimento da frase produzia atividade nas áreas do cérebro associadas ao processamento do som e compreensão da fala.
Quando eles ouviram frases muito incompreensíveis, houve pouca atividade nestas partes do cérebro, segundo Holdgraf.
No entanto, quando ouviam frases que entendiam claramente, era observada atividade naquelas áreas cerebrais.

O estudo é inovador porque conseguiu mostrar como a resposta do cérebro é alterada quando o paciente ouve novamente a frase distorcida e incompreensível.
As áreas da audição e do processamento da fala se "acendem" e com o tempo mudam seu padrão de atividade, ficando sintonizadas nas palavras em meio à distorção.
"O cérebro muda a maneira como se concentra nas diferentes partes do som", explicam os pesquisadores.
"Quando os pacientes ouviram primeiro as frases claras, o córtex auditivo (a parte do cérebro associada ao processamento dos sons) melhorou o sinal da fala."

Implante cerebral

"Começamos a buscar mais relações sutis entre a atividade do cérebro e o som", disse Holdgraf.
"Estamos observando como a atividade cerebral muda com o tempo e qual a relação dessa atividade com o som."
Isso, acrescentou, permitiu que os cientistas desvendaram mais sobre os mecanismos da percepção humana.

"Ao entender a maneira como nosso cérebro filtra os ruídos do mundo, esperamos poder criar aparelhos que ajudem as pessoas com problemas de fala e audição a fazer o mesmo", concluiu.
"É inacreditável como o cérebro é rápido e maleável", acrescentou o professor Robert Knight, coautor do estudo.
"É a primeira vez que temos alguma evidência de como a filtragem dos ruídos realmente ocorre no cérebro humano."
Knight e sua equipe planejam utilizar as descobertas para desenvolver um implante cerebral capaz de interpretar o que se deseja falar. A ideia é beneficiar pacientes com doenças neurodegenerativas que comprometem sua capacidade de falar.

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