Cartão postal de Belém, mercado do Ver-o-peso inspira fotógrafos
Complexo de feira em mercado completa 390 anos nesta segunda-feira. Profissionais da imagem explicam relação afetuosa com 'Veropa'.
O Ver-o-peso completa 390 anos nesta segunda-feira (27). Localizado na margem da baía do Guajará, o complexo de feira e mercados é visitado por
50 mil pessoas diariamente . Porém, muito mais do que um centro comercial
que movimenta R$ 1 milhão por dia, o "Veropa", como é traidicionalmente chamado, é cartão postal mais famoso da capital paraense - uma paisagem icônica que inspira os registros dos fotógrafos há gerações.
É o caso de Ray Nonato, fotojornalista com 40 anos de experiência cuja
relação com o lugar começou no berço: seu pai tinha uma barraca de frutas
na feira do Ver-o-peso, e o contato com a rotina do mercado acabou influenciando seu trabalho de pesquisa de pontos turísticos e manifestações culturais. "Cansei de vender com meu pai ali, atrás do mercado. Depois veio
o jornalismo de imagem e as pesquisas, sempre ligadas ao Ver-o-peso",
disse Ray.
"Ver-o-peso é inspirador devido a sua história. Belém começou ali naquele
bairro, e ao mesmo tempo você tem muitas informações através das
imagens – as cores, as pessoas, o mercado é muito rico. Por isso que
todos que trabalham com a imagem se identificam muito, e não é a toa
que o Ver-o-peso é o cartão postal de Belém para o mundo inteiro", reforça
o fotógrafo.
O fotojornalista Tarso Sarraf teve seus cliques do mercado reconhecidos
pela crítica: suas imagens, feitas no Ver-o-peso, venceram o "Prêmio
Paratur 2016". "Você consegue fazer ensaios fotográficos de todos os
lados. Lá é um lugar de muita cor, mas que também funciona com o
contraste do PB, e por isso é um local que qualquer fotógrafo do mundo
quer ir. Quem chega em Belém fala logo em ir", afirma.
"Você consegue fazer fotos do chão, imagens aéreas, de barco.
Do norte, sul, leste ou oeste, tudo fica lindo. Se você ficar meia hora no
Ver-o-peso, no mesmo ponto, só trocando lentes, consegue fazer um
ensaio fotográfico inteiro", explica Sarraf.
Para o fotógrafo Rao Godinho, é a diversidade que torna o Ver-o-peso
tão especial. "O que mais me atrai é a variedade de coisas e pessoas,
que é infinita. A cada ida, seja durante o dia ou na madrugada, quando
tem o grande movimento de chegada de produtos, sempre tem uma
novidade, seja estética, seja pessoal", explica. "Sempre vai haver algo interessante a se fotografar. Minha foto favorita é até de um ângulo pouco mostrado, mas não menos importante que o Mercado de Ferro ou o
Solar da Beira. A pedra do peixe e o casario colorido. Nesse dia o céu
estava com umas nuvens bem interessantes, a luz estava incrível e
aproveitei pra registrar aquela cena tão típica e colorida", relembra.
Cuidado
Os três fotógrafos, no entanto, são unânimes em afirmar que, dada sua importância, o Ver-o-peso merece ser olhado com mais carinho pelos
gestores municipais e estaduais. "Precisa melhorar a segurança.
As melhores foto são feitas de madrugada e final de tarde, e são os
horários mas perigosos", aponta Tarso.
"O principal hoje são duas coisas: a conservação e a segurança.
O turista ainda está sendo roubado. Nossos jornalistas de imagem e
fotógrafos, mesmo amadores, são penalizados para fazer grandes
imagens deste patrimônio. Eu particularmente só vou lá com segurança
própria, porque conheço muitas histórias de colegas que perderam
equipamento. Existe um desmazelo muito grande em torno do
Ver-o-peso", critica Ray Nonato.
O primeiro filtro seria a conscientização dos feirantes,
que ainda não tratam o Veropa como devem. O segundo seria
um olhar mais atencioso da prefeitura, que não faz nada lá há
anos,
deixou o Solar da Beira entregue às baratas, às drogas e à
prostituição, não resolveu o problema de segurança a qualquer hora do dia,
além de não fazer uma manutenção adequada do complexo inteiro.
O nosso Veropa é lindo e cheio de significado por si só, não precisa nem
de roupa nova, só de um banho", conclui Rao Godinho.
O Ver-o-peso completa 390 anos nesta segunda-feira (27). Localizado na margem da baía do Guajará, o complexo de feira e mercados é visitado por
50 mil pessoas diariamente . Porém, muito mais do que um centro comercial
que movimenta R$ 1 milhão por dia, o "Veropa", como é traidicionalmente chamado, é cartão postal mais famoso da capital paraense - uma paisagem icônica que inspira os registros dos fotógrafos há gerações.
É o caso de Ray Nonato, fotojornalista com 40 anos de experiência cuja
relação com o lugar começou no berço: seu pai tinha uma barraca de frutas
na feira do Ver-o-peso, e o contato com a rotina do mercado acabou influenciando seu trabalho de pesquisa de pontos turísticos e manifestações culturais. "Cansei de vender com meu pai ali, atrás do mercado. Depois veio
o jornalismo de imagem e as pesquisas, sempre ligadas ao Ver-o-peso",
disse Ray.
"Ver-o-peso é inspirador devido a sua história. Belém começou ali naquele
bairro, e ao mesmo tempo você tem muitas informações através das
imagens – as cores, as pessoas, o mercado é muito rico. Por isso que
todos que trabalham com a imagem se identificam muito, e não é a toa
que o Ver-o-peso é o cartão postal de Belém para o mundo inteiro", reforça
o fotógrafo.
O fotojornalista Tarso Sarraf teve seus cliques do mercado reconhecidos
pela crítica: suas imagens, feitas no Ver-o-peso, venceram o "Prêmio
Paratur 2016". "Você consegue fazer ensaios fotográficos de todos os
lados. Lá é um lugar de muita cor, mas que também funciona com o
contraste do PB, e por isso é um local que qualquer fotógrafo do mundo
quer ir. Quem chega em Belém fala logo em ir", afirma.
"Você consegue fazer fotos do chão, imagens aéreas, de barco.
Do norte, sul, leste ou oeste, tudo fica lindo. Se você ficar meia hora no
Ver-o-peso, no mesmo ponto, só trocando lentes, consegue fazer um
ensaio fotográfico inteiro", explica Sarraf.
Para o fotógrafo Rao Godinho, é a diversidade que torna o Ver-o-peso
tão especial. "O que mais me atrai é a variedade de coisas e pessoas,
que é infinita. A cada ida, seja durante o dia ou na madrugada, quando
tem o grande movimento de chegada de produtos, sempre tem uma
novidade, seja estética, seja pessoal", explica. "Sempre vai haver algo interessante a se fotografar. Minha foto favorita é até de um ângulo pouco mostrado, mas não menos importante que o Mercado de Ferro ou o
Solar da Beira. A pedra do peixe e o casario colorido. Nesse dia o céu
estava com umas nuvens bem interessantes, a luz estava incrível e
aproveitei pra registrar aquela cena tão típica e colorida", relembra.
Cuidado
Os três fotógrafos, no entanto, são unânimes em afirmar que, dada sua importância, o Ver-o-peso merece ser olhado com mais carinho pelos
gestores municipais e estaduais. "Precisa melhorar a segurança.
As melhores foto são feitas de madrugada e final de tarde, e são os
horários mas perigosos", aponta Tarso.
"O principal hoje são duas coisas: a conservação e a segurança.
O turista ainda está sendo roubado. Nossos jornalistas de imagem e
fotógrafos, mesmo amadores, são penalizados para fazer grandes
imagens deste patrimônio. Eu particularmente só vou lá com segurança
própria, porque conheço muitas histórias de colegas que perderam
equipamento. Existe um desmazelo muito grande em torno do
Ver-o-peso", critica Ray Nonato.
O primeiro filtro seria a conscientização dos feirantes,
que ainda não tratam o Veropa como devem. O segundo seria
um olhar mais atencioso da prefeitura, que não faz nada lá há
anos,
deixou o Solar da Beira entregue às baratas, às drogas e à
prostituição, não resolveu o problema de segurança a qualquer hora do dia,
além de não fazer uma manutenção adequada do complexo inteiro.
O nosso Veropa é lindo e cheio de significado por si só, não precisa nem
de roupa nova, só de um banho", conclui Rao Godinho.
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