Justin Bieber, ídolo teen antes mesmo da puberdade, volta ao Brasil como estrela redimida pelo pop
Fumar um cigarro durante a primeira apresentação de Justin Bieber em São Paulo era um perigo
Para o fumante em si, por motivos óbvios, e para a molecada que corria pela pista do Estádio do Morumbi. Seis anos atrás, o astro canadense era o rei dos baixinhos. Um deslize e uma criança poderia ser queimada pela bituca acesa. Beber uma cerveja, então? Nem pensar. Era um show para menores. Pais e acompanhantes (e jornalistas, por que não?) tinham só refrigerante ou água como opção para molhar a goela.
Tudo isso para dizer que os seis anos que separam os dois shows – o de 2011 terminou com o hit do momento do guri, Baby, e infelizmente ainda não foi esquecido na escolha do repertório atual – fizeram toda a diferença. Para os fãs, meia dúzia de anos mais velhos. E para Bieber também, cujo trabalho enfim é reconhecido. É com a pompa de verdadeiro astro pop, e não mais da falácia inventada/descoberta pelo cantor Usher, que o jovem de 23 anos inicia mais uma turnê pelo País, a terceira da carreira, nesta quarta-feira, 29, na Apoteose, no Rio. Depois dela, Bieber segue para São Paulo, onde faz duas noites no Allianz Parque, sábado, 1.º, e domingo, 2 – a última data foi acrescentada após o sucesso de venda de ingressos para a primeira noite.
E espera-se que, em nova visita ao Brasil, o cantor frequente mais os cadernos dedicados à cultura do que aqueles de fofoca e polícia. Em 2013, por exemplo, ele foi denunciado por ter pichado o muro do Hotel Nacional, em São Conrado, no Rio, e o processo segue até hoje. O Ministério Público vai notificar o artista sobre o processo assim que chegar ao Rio e ele será convocado a comparecer a uma audiência de conciliação na qual deve ser proposto que a punição de três meses a até um ano de detenção seja trocada por doação de cestas básicas ou trabalho comunitário. No mesmo ano, em São Paulo, ele foi atingido pelo que parecia ser uma garrafa e deixou o palco sem cantar a tal Baby.
Confusões à parte, Bieber foi capaz de se redimir pela música. Ainda dá um chilique ou outro no palco e, fora dele, se mostra irritado com paparazzi e com a gritaria dos fãs, mas seu mais recente disco, Purpose, é anos-luz distante, em qualidade pop, de My World 2.0, de 2010.
Ele não promoveu a mudança sozinho. E é ingenuidade pensar que na música popular norte-americana, hoje, qualquer artista o faça. Sorry, o maior sucesso de Purpose, é assinada por Biebe e mais quatro: Julia Michaels (cantora e compositora para artistas como Gwen Stefani e Ed Sheeran), Justin Tranter (parceiro de Britney Spears e Linkin Park), Michael Tucker (produtor de músicas para Lady Gaga, Madonna e Beyoncé) e Skrillex (produtor e famoso DJ de dubstep). O acerto de Bieber foi encontrar o tom para seu disco de reinvenção.
Buscou referências de trap, subgênero do hip-hop de baixo agressivo e vagaroso, e de dubstep, um tipo de música eletrônica cujas batidas rítmicas fogem da métrica comum e soam metalizadas. Inseriu camadas e mais camadas de efeitos, texturas, sintetizadores e ecos. Na nova safra, e dela se destacam ainda What Do You Mean?, Love Yourself, Where Are Ü Now, Bieber canta sobre arrependimentos e a necessidade de mudar. Ele, ali, se mostra maduro. E esperamos que o “baby” tenha, mesmo, crescido.
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