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Dois terços das mutações causadoras de câncer ocorrem devido a erros aleatórios de reprodução do DNA, diz estudo


Com base em modelo matemático, pesquisadores da Universidade Johns Hopkins mostraram porcentagem para cada causa das mutações da doença.
Cientistas da Universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos, publicaram
 um estudo com evidências de que quase dois terços das mutações que 
causam câncer são erros aleatórios que aparecem quando o DNA é 
replicado na divisão celular e, portanto, não são ligados a fatores ambientais
 ou de herança genética.
O artigo publicado na revista "Science" desta semana mostra que essa
 fração de mutações devido a erros aleatórios ocorre em 32 tipos de câncer. 
A análise dos pesquisadores está fundamentada em um modelo matemático 
que relaciona o sequenciamento de DNA com dados epidemiológicos de 
todo o mundo.
O estudo ressalta que, geralmente, duas ou mais mutações genéticas críticas precisam ocorrer para o desenvolvimento de um câncer. Essas mutações que causam o câncer podem ocorrer devido a esses erros aleatórios de cópias do DNA, ao ambiente ou a herança genética.
"É conhecido que devemos evitar fatores ambientais, como fumar, para 
diminuir nosso risco de ter câncer. Não é tão conhecido, no entanto, que 
cada vez que uma célula normal se divide e copia seu DNA, pode gerar 
múltiplos erros", disse Cristian Tomasetti, professor da Johns Hopkins.
"Esses erros de cópia são uma fonte potente de mutações de câncer que, historicamente, foram subestimadas pela ciência. Esse novo trabalho 
fornece a primeira estimativa da fração de mutações causadas por esses 
erros", completou.

Prevenção

Berth Vogelstein, colega de Tomasetti na Johns Hopkins, disse que é 
necessário que as pessoas continuem a ser encorajadas a evitar as causas ambientais e os estilos de vida que aumentam o risco de câncer, como fumar. "No entanto, muitas pessoas ainda irão desenvolver cânceres devido a esses erros aleatórios copiados pelo DNA. Melhores métodos para detectar todos
 os cânceres mais cedo, ainda que curáveis, são urgentemente necessários", explicou.
Os dois pesquisadores dizem que a pesquisa não discorda dos estudos epidemiológicos que mostram que cerca de 40% dos casos de câncer 
poderiam ser evitados com ambientes e estilos de vida mais saudáveis. 
O artigo apenas chama a atenção para o fato de que, frequentemente, a 
doença atinge pessoas com bons hábitos - não fumantes, dieta e peso saudáveis, nenhum histórico familiar de câncer.
"Esses cânceres ocorrerão e não importa quão perfeito seja o ambiente",
 disse Vogelstein.

Modelo matemático

Tomasetti e Vogelstein usaram um novo modelo matemático para mostrar 
que mutações críticas no pâncreas ocorrem 77% das vezes devido a erros aleatórios, 18% a fatores ambientais e 5% por fatores hereditários.
Já os cânceres de próstata, cérebro ou osso são causados mais de 95% das vezes por mutações relacionadas a erros aleatórios de cópia de DNA. O de pulmão é mais ligado a fatores ambientais: 65% das mutações,
 principalmente relacionados ao cigarro. Os outros 35% vem de erros
 genéticos.
Em um média de todos os tipos analisados, a dupla chegou a essa fração 
de 2/3: 66% das mutações ocorrem devido a erros de cópia, 19% ao estilo 
de vida ou ambiente e 5% são hereditários.

Estudo de 2015

Em janeiro de 2015, os pesquisadores haviam publicado outra pesquisa que comparou o número total de divisões celulares nos órgãos com tumores à incidência de câncer nos Estados Unidos. Eles dizem que isso permitiu 
explicar porque certos tipos de tumor, como o de colo de útero, ocorrem mais frequentemente do que outros.
Ainda de acordo com os autores, esse primeiro estudo já sugeriu que os erros copiados pelo DNA poderiam desempenhar um papel importante no câncer.
 A relação entre as mutações e tais reproduções nas células só foi analisada neste novo estudo, publicado nesta quinta.
Neste artigo mais recente, os pesquisadores também ampliaram a linha da pesquisa feita em 2015. Compararam as taxas de divisão das células com 
dados de incidência em 68 países, além dos Estados Unidos. Eles também incluíram dados sobre os cânceres de mama e próstata, não incluídos no 
artigo escrito há dois anos.
De acordo com os pesquisadores, a atualização manteve a mesma relação
 entre divisão celular e a incidência do câncer em vários órgãos,
 independente do país e ambiente.

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