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Governo anuncia juro de mercado e menos subsídio para empréstimos do BNDES


Foi anunciada a criação da Taxa de Longo Prazo (TLP) para contratos novos, firmados 2018, composta pela variação da inflação e por taxa de juros real prefixada, mensalmente.
O Governo federal anunciou nesta sexta-feira (31) uma nova política para
 os juros cobrados nos empréstimos concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Essa nova política prevê a criação de uma nova taxa de juros, mais alta que 

o formato atual (com base na TJLP) e equivalente à praticada no mercado, o
 que implica na redução dos subsídios a esses empréstimos.
Isso significa que o governo vai gastar menos recursos públicos para
 praticar juros mais baixos no crédito concedido pelo BNDES a empresas. 
O lado positivo da medida é que o desembolso menor com subsídios 
terá impacto favorável nas contas públicas, que vêm registrando seguidos
 déficits (despesas maiores que receitas com impostos).
Entretanto, o corte nos subsídios tende a levar ao aumento das taxas
 cobradas nos empréstimos, em relação ao formato atual, tornando mais
 caro o financiamento de projetos.
O BNDES foi, nos últimos anos, a principal fonte de recursos, por exemplo, 
para grandes obras executadas com o apoio do governo no setor de infraestrutura, entre elas as duplicações de rodovias federais concedidas.
Entretanto, as despesas com subsídios desses empréstimos ajudaram na deterioração das contas públicas.
O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, avaliou que a nova política de
 juros do BNDES vai contribuir para o crescimento sustentado da economia 
e, também, para o equilíbrio fiscal, na medida em que reduz a diferença 
entre o custo de captação do Tesouro Nacional e o custo dos empréstimos
 do BNDES.
A TJLP é considerada uma taxa de juros incentivada, abaixo da praticada 
no mercado. Na quinta (30), o Conselho Monetário Nacional (CMN) 
decidiu baixa-la de 7,5% para 7% ao ano, que será válida para o período 
de abril a junho.
Já o governo federal, quando capta recursos no mercado para financiar 
suas atividades, remunera os investidores pela taxa Selic, que hoje está 
em 12,25% ao ano.

Medida provisória

Segundo os ministérios da Fazenda e do Planejamento, nos próximos dias
 será editada uma medida provisória alterando a remuneração das
 operações de crédito concedidas pelo BNDES e criando a Taxa de Longo
Prazo (TLP). Ela vai valer para contratos novos, firmados a partir de 1º de 
janeiro de 2018.
A TLP, informou o governo, será composta pela variação do Índice 
Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e por taxa de juros 
real prefixada, mensalmente, de acordo com o equivalente ao rendimento 
real das Notas do Tesouro Nacional – Série B (NTN-B) no prazo de cinco 
anos.
"A NTN-B reflete o custo de captação do Tesouro Nacional, o mais baixo
 do mercado", informou.
O governo informou que o estoque existente de contratos, ou seja, os empréstimos já concedidos pelo BNDES ao setor produtivo, não sofrerá alteração.
Em 1º janeiro de 2018, entretanto, a nova taxa será igualada à TJLP
 então vigente "não representando nenhuma descontinuidade". 
O Planejamento e a Fazenda informaram que, a partir de então, a TLP 
seguirá a nova sistemática, convergindo gradualmente no prazo de cinco
 anos para a remuneração integral da NTN-B.

Objetivos

O governo avaliou que a nova política para juros do BNDES ao setor 
produtivo "ampliará a potência da política monetária", ou seja, tornará as 
decisões do Banco Central sobre a taxa de juros básica da economia 
brasileira, a Selic, atualmente em 12,25% ao ano, mais eficientes.
O presidente da autoridade monetária, Ilan Goldfajn, criticou em algumas ocasiões, nos últimos meses, o que ele classificou como "meia entrada", fenômeno que, em sua visão, diminui o impacto das decisões do Copom
 sobre a taxa básica de juros.
Como parte do mercado (financiamentos concedidos pelo BNDES) tinha 
regras próprias, com taxas menores, concedidas por meio de subsídios 
do Tesouro Nacional para as empresas, as decisões do BC sobre a taxa 
de juros acabavam não englobando essas operações, que ficam de fora 
do escopo das decisões da autoridade monetária.
A lógica é que o juro básico teria que ser mais alto do que o necessário 
para compensar esse volume de crédito não afetado pelas decisões do 
BC.

Em fevereiro deste ano, Goldfajn fez uma analogia com a meia-entrada 
nos cinemas, que fazem com que as pessoas que não têm direito ao benefício acabem pagando por aqueles que têm.
"Temos beneficios na economia e nossa percepção é que os benefícios 
não tem custo. Eles têm sua justificativa mas não assimiliamos custo a 
essa iniciativa. Os que pagam entrada inteira vão ter de pagar meia 
entrada para o resto", disse ele na ocasião.
Parar o governo, a nova política de juros do BNDES ao setor produtivo 
contribui para o controle da inflação ao menor custo para a sociedade.
Nesta sexta-feira, Goldfajn afimou que a medida amplia a previsibilidade 
e segurança dos contratos. "Também vai permitir ao BNDES ampliar a contratação de uma forma mais integrada do mercado de capital. Terá 
condições de securitizar créditos. Será mais fácil de vender e comprar. 
Vai conseguir angariar mais recursos", declarou ele.

Menos subsídios


O governo avaliou ainda que, com a mudança da política de juros do 
BNDES, haverá uma redução dos "subsídios implícitos do Tesouro para 
o BNDES", resultando em uma "dinâmica fiscal" (impacto dos gastos do 
Tesouro com subsídios) "mais favorável, transparente e previsível, com implicações positivas e significativas sobre a dinâmica da dívida pública".
Os Ministérios da Fazenda e do Planejamento avaliaram ainda que a
 nova metodologia ampliará a previsibilidade e segurança dos contratos.
"Definida em função de uma taxa de mercado, a TLP terá uma taxa de 
juros real definida mensalmente, que servirá para todos os contratos 
firmados pelo BNDES naquele período, os quais variarão, ao longo de 
sua maturidade, no contrato e com variação apenas em função da taxa
 de inflação", informaram.
Outra consequência, de acordo com o governo, será o de fomentar o financiamento privado de longo prazo. "O aumento dos financiamentos
 privados irá gerar mais investimentos e, consequentemente, mais 
empregos", acrescentou.

Também avaliou que a nova política contribuirá para a "queda sustentada
 da taxa de juros estrutural da economia". "A TLP, calculada como
 parâmetro de mercado, ampliará a potência da política monetária,
 contribuindo para o controle da inflação ao menor custo para a 
sociedade", avaliou.
Por fim, concluiu que a mudança permitirá ao BNDES ampliar a atuação
 de forma integrada ao mercado de capitais.
"Com a TLP o BNDES terá condições de securitizar os respectivos 
créditos, angariando mais recursos para o financiamento de projetos de
 longo-prazo junto ao mercado de capitais. O BNDES continuará podendo oferecer prazos longos e adequados aos investimentos", informou o 
governo.

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