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Alunos denunciam professores da FGV por declarações racistas e machistas


Diretório estudantil disse ter informado à coordenadoria sobre denúncias. Fundação diz rechaçar 'discriminação e preconceito' e que desconhece postagens de alunos.
Alunos da Fundação Getúlio Vargas (FGV) denunciaram professores de economia e administração por declarações racistas e machistas durante as aulas. Segundo o 
Diretório Acadêmico, uma comissão de ética da coordenadoria da faculdade foi aberta 
para apurar as denúncias e definir punição para os docentes.
Em um grupo do Facebook exclusivo para alunos da FGV, uma aluna relatou que um professor declarou que "mulher só faz o trabalho quando enche ela de porrada. 
Não tem que tratar mulher com beijo e mimimi! Tem que tratar com tapa, tem que
 mostrar que quem manda é o homem". O texto, postado em 8 de março, 
Dia Internacional da Mulher, termina com a aluna dizendo que as palavras 
foram "proferidas a risos por um professor da EAESP [Escola de Administração 
de Empresas] Feliz Dia das Mulheres!"

Na sequência, outra aluna comenta que a GV "teve expressões assim"
 desde a época em que ela estudava na universidade, em 2009. 
Ela comemora a exposição de situações semelhantes para que 
os casos sejam apurados.
"Parabéns ao DA [diretório acadêmico] e aos coletivos por abrirem espaço
 para exposição, expressão e cobrarem as medidas cabíveis.
 Isso é que faz a diferença
. Na minha época, quando houve caso semelhante, tudo o que me ofereceram
 foi 'trocar de sala' para não ouvir mais os comentários. Anos depois, 
o próprio me procurou espontaneamente para pedir desculpas por ter sido 
'muito rígido comigo'". O comentário é acompanhado por alunos indignados
 chamando o ocorrido de "nojento".


Por meio de nota, a FGV disse desconhecer as postagens com denúncias
 de alunos, mas que "rechaça qualquer tipo de discriminação ou preconceito". 
A instituição informou, ainda, que "em nenhum momento foram formalizados 
[pedidos para apurar denúncias], oficialmente, perante a direção da instituição". 
"Por outro lado, a opinião pessoal divulgada em redes sociais, através de canais particulares, é de exclusiva responsabilidade de seus autores, não podendo
 ser atribuída à FGV", declara a instituição na nota.
Uma outra jovem diz que um professor se referiu a uma aluna como "moreninha"
 e, depois chamou uma de "feminista no bom sentido". "Ele ainda estava tentando
 explicar como que dava para usar bebida em atenuante em um caso de estupro,
 mas é claro 'olha onde ela estava fazendo sexo" palavras do mesmo também" 
e menciona o nome do professor.
Diretório estudantil aciona coordenadoria

O Diretório Acadêmico Getulio Vargas (DAGV) afirmou que tomou uma posição "enérgica" frente à gravidade dos fatos. Além dos casos envolvendo os professores, o DAGV menciona a participação de alunos em ocorrências de assédio sexual, homofobia e racismo.
No trote estudantil, ocorrido em 21 de fevereiro deste ano, um aluno da Fundação assediou sexualmente algumas mulheres, segundo o diretório. Em outro caso, enquanto duas mulheres se beijavam, "houve relatos de conduta homofóbica e agressiva", dizem
os alunos. O DAGV também recebeu uma denúncia de racismo
 em meio a um jogo do campeonato Interbixos.
Os relatos chegaram por meio de canais da ouvidoria e foram
 investigados pelo diretório. "A presença de variados grupos
 minoritários dentro da gestão do DAGV foi um importante
 potencializador das denúncias recebidas, fazendo com que,
 de maneira inédita, as condutas machistas, homofóbicas,
 racistas e opressoras sejam veementemente combatidas", 
diz nota.

"Quando assumimos a gestão em julho do ano passado, 
houve aumento da representatividade da diversidade. 
Eu sou bolsista e chamamos integrantes do coletivo 
feminista, por exemplo", disse Luis Gustavo Perez Fakhouri, 
presidente da DAGV.
Com as denúncias, os casos foram encaminhados para a
 Coordenadoria da FGV, que, segundo o diretório, instaurou 
as duas comissões. "Se a punição não estiver conivente com 
nossa postura, vamos procurar a direção", disse Fakhouri.
 A informação da abertura das comissões, no entanto, não
 foi confirmada pela FGV.O Diretório pede ainda reformulação 
do Código de Conduta e Ética da FGV com "maior espaço 
para a representatividade das minorias, e a partir da introdução 

de temas importantes no dia a dia do alunato, como as questões 
de desigualdade social, de gênero e de proteção à existência de 
diferentes orientações sexuais no mercado de trabalho, bem 
como outras formas de desigualdade", diz nota.

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