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Real passa sufoco contra Kashima, mas Cristiano Ronaldo faz três e garante o penta

Japoneses chegam a estar vencendo no tempo normal e reclamam de não expulsão de Sergio Ramos. Espanhóis viram na prorrogação e se tornam os maiores campeões do mundo
Quem poderia imaginar que o clube mais rico do mundo, cheio de jogadores consagrados, passaria sufoco numa decisão de Mundial de Clubes contra o representante do país-sede? Foi exatamente o que aconteceu neste domingo, em Yokohama. O Real Madrid foi campeão com a vitória por 4 a 2 sobre o Kashima Antlers na prorrogação, após empate em 2 a 2 no tempo normal. Mas levantar a taça no Japão – a quinta do Mundial – se tornou uma tarefa muito mais árdua do que os espanhóis esperavam. Para delírio de sua legião de fãs, Cristiano Ronaldo fez três gols na decisão e garantiu mais um troféu num 2016 praticamente perfeito individual e coletivamente. Ainda igualou Pelé, então o único jogador a ter marcado três vezes numa final do torneio: em 1962, na vitória do Santos por 5 a 2 sobre o Benfica.

PRIMEIRO TEMPO
O Real Madrid entrou em campo com sua formação tradicional e o estilo de jogo consagrado. Toque de bola, domínio do meio de campo e muita movimentação. Foram nove minutos de jogo de um time só em campo, enquanto o outro tentava encaixar a marcação e se encontrar. Quando Modric pegou uma sobra na entrada da área, o goleiro Sogahata deu rebote e Benzema completou para o gol. Diante do quadro apresentado, a impressão que se tinha era de que os galácticos fariam mais em pouco tempo. De fato, tiveram boas chances, mas não conseguiram estufar mais a rede. O Kashima foi crescendo, ganhando espaço e atacando no embalo da torcida, que fez muito barulho. Chegando pelos lados, tentando nos contras e até em alguns chutes. Aos 44, o empate e explosão em Yokohama. Em boa jogada de Doi, a zaga cortou errado, e Shibasaki deixou tudo igual.
SEGUNDO TEMPO
O gol de empate do Kashima no final do primeiro tempo animou os japoneses e acendeu um sinal de alerta nos espanhóis. A etapa final veio com um panorama que poucos esperavam, com o time local tomando a iniciativa e chegando mais perto do gol. A virada saiu com Shibasaki, dono de boa jogada individual em finalização sem chances para Navas. Uma mistura de euforia e surpresa em Yokohama. Pressionado, só restaram aos galácticos o ataque. Vázquez caiu na área, o árbitro apontou pênalti. Tudo o que Cristiano Ronaldo precisava para empatar e respirar. Até o último minuto final, mais chances de gol para ambos os lados. Sergio Ramos, que já tinha amarelo, fez uma falta dura no fim. O árbitro foi em sua direção, ameaçou dar o cartão, mas desistiu. Acabaria sendo um lance decisivo.
PRORROGAÇÃO
O Kashima Antlers conseguiu um enorme feito ao chegar na decisão do Mundial de Clubes da Fifa, assombrou o mundo ao fazer dois gols no Real Madrid e levar a partida para a prorrogação. Mas não teve mais fôlego para segurar os galácticos e acabou levando dois gols. Até então fazendo uma partida apenas regular, Cristiano Ronaldo balançou a rede duas vezes para alívio dos espanhóis. Primeiro, em ótimo passe de Benzema, um dos melhores de todo o torneio. Depois, aproveitando um chute errado de Kroos. Dali para frente foi só fazer o tempo passar.

ARBITRAGEM

O árbitro Janny Sikazwe, da Zâmbia, vinha tendo uma atuação de certa forma segura na partida até os 44 minutos do segundo tempo. Sergio Ramos, que já havia recebido o amarelo, cometeu uma falta dura em Um e merecia levar outro cartão. Sikazwe correu em direção ao zagueiro, ameaçou puxar o cartão, mas voltou atrás. Foi motivo de vaias e protestos entre os torcedores, e também por parte dos jogadores do Kashima Antlers.

DONO DO MUNDO
Com o título conquistado em Yokohama, o Real Madrid se tornou ainda o maior campeão mundial, levando-se em consideração os dois formatos da competição. Antes, com a disputa entre o campeão da Libertadores e da Liga dos Campeões, e a partir de 2000, com uma pausa até 2005, seguindo o formato atual elaborado pela Fifa. São cinco títulos, contra quatro do Milan. Boca Juniors, Peñarol, Barcelona, Bayern de Munique, Nacional (URU) e São Paulo têm três conquistas.

CRISTIANO RONALDO
O português foi decisivo como se espera dele. Fez um gol na semifinal sobre o América do México, e três na decisão contra o Kashima. Igualou o feito de Pelé ao fazer um hat-trick em final de Mundial - e também César Delgado, Suárez e Messi como maiores artilheiros da competição: cinco. Sua passagem por Yokohama foi marcada também por muita festa dos fãs, que ficavam horas na porta do hotel em que o time estava hospedado em busca de fotos e autógrafos. No estádio, até mesmo os torcedores rivais faziam reverência para o ídolo. Bem ou mal em campo (deixou a desejar bastante no tempo normal na final), fecha 2016 com os títulos da Champions, da Supercopa da Europa, da Eurocopa e do Mundial. De quebra, levou duas Bolas de Ouro: a original, da "France Football", e a da Fifa por ter sido eleito o melhor do torneio.


BENZEMA
Um dos principais nomes do elenco do Real Madrid, o atacante Benzema chegou ao gol de número de 171 pelo clube. Com o feito, ele igualou um grande ídolo espanhol que fez história pelo time de Madri: Butragueño. O francês é o nono maior artilheiro da história do Real e de quebra foi o vice-artilheiro da equipe no Mundial de Clubes com dois gols em duas partidas. Merecia até ter levado um prêmio individual, mas viu Modric e Cristiano Ronaldo serem homenageados à sua frente.


ESPÍRITO DE ZICO
Várias faixas e bandeiras do brasileiro foram levadas ao estádio pela torcida do Kashima, atual campeão nacional. Comum ler em inglês "Spirit of Zico" (espírito de Zico). O Galinho, além de maior ídolo da história do Flamengo, também é considerado uma lenda para os fãs dos japoneses. Se em campo faltou algo a mais para ganhar do Real Madrid, fora dele os torcedores carregavam o nome e o rosto do ex-jogador para empurrar seus atuais ídolos.




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