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Dia da Mulher pelo mundo tem agressões, protestos e pressão em Congresso.


RESUMO DA NOTÍCIA

  • Na Espanha, mulheres tentam superar o sucesso da greve feminista de 2018
  • Argentinas fazem greve e marcha para pressionar o Congresso a debater o aborto
  • No Quênia, mulheres pedem a humanização dos corpos negros
  • Em Israel, judeus ultraortodoxos interrompem oração de mulheres no Muro das Lamentações
  • Na Alemanha, Dia Internacional da Mulher é feriado pela primeira vez

Em diversos locais do mundo houve grandes protestos e organização de greves em decorrência do Dia Internacional da Mulher, celebrado neste 8 de março. Em países como Espanha e Argentina, serviços foram afetados pelas greves convocadas pelas mulheres. Paquistão, Quênia, Israel, por exemplo, recebem marchas a favor da igualdade de gênero e contra a violência.

POR RELIGIÃO

Em Israel, milhares de judeus ultraortodoxos interromperam de maneira violenta uma oração comandada por um grupo feminista no Muro das Lamentações, no território ocupado de Jerusalém Oriental. A oração foi organizada pelo grupo Mulheres do Muro, que luta pela igualdade entre homens e mulheres na celebração de rituais religiosos em frente ao local sagrado do judaísmo.

O grupo Mulheres do Muro reivindica alterações nas regras que impedem mulheres de celebrar orações judaicas, de vestir xales judaicos de oração ou de segurarem rolos da Torá e lerem coletivamente e em voz alta os escritos sagrados perante o muro.

Milhares de homens e mulheres ultraortodoxos, a maioria jovens, foram ao local sagrado para interromper o serviço religioso do grupo feminista. Para eles, o uso de um xale de oração por uma mulher é uma provocação. A polícia israelense interveio para separar os dois grupos. Duas manifestantes ficaram feridas. Um jovem ultraortodoxo foi detido após tentar agredir um policial.



Em Istambul, a polícia turca utilizou gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar uma grande manifestação que denunciava as políticas do governo islamita e as estruturas patriarcais sob palavras de ordem como "Não temos medo".

POR IGUALDADE SALARIAL

No ano passado, a Espanha fez a maior paralisação feminina em nome da igualdade salarial. Neste ano, tenta superar este feito com uma manifestação em quatro setores: trabalhista, educativo, de cuidados e de consumo. A paralisação é respaldada pela Justiça e por sindicatos. Homens também podem aderir, já que o país proíbe discriminar paralisações por gênero.

A maioria dos setores não parou, embora se digam afetados pela paralisação. Em Madri, trens e metrôs funcionam com serviços mínimos. No País Basco, o Parlamento local suspendeu a sessão por falta de quórum. Aulas foram canceladas em universidades. Em ao menos duas das principais redes de televisão, além de jornais e estações de rádio, a adesão das mulheres foi total, por isso apenas homens apresentam programas e trabalham na produção.


O ato deve impactar as eleições espanholas, antecipadas para o dia 28 de abril. Ao longo da semana, todos os principais partidos se pronunciaram sobre a greve e sobre suas políticas para mulheres. O atual governo de Pedro Sánchez se diz feminista, enquanto a direita do país rompeu com o movimento.

Na Argentina, também ocorre uma greve feminina. É a terceira no país, acatada com mais força no setor público. A principal reivindicação é a paridade salarial com os homens, num país em que a diferença supera os 25%, segundo dados oficiais.

Uma grande marcha ainda está marcada para sair da praça de Maio até o Congresso, com o objetivo de pressionar os legisladores a reinstalarem o debate pelo "aborto, legal, gratuito e seguro", além de medidas contra o feminicídio que, a cada 30 horas, faz uma nova vítima no país.


PARA NÃO ESQUECER

 Várias associações feministas renomearam nesta sexta-feira milhares de ruas em Paris com cartazes que lembraram a escritora Margaret Atwood, a escultora Jeanne Bardey e a ativista Angela Davis, para denunciar a escassez de referências a mulheres nas placas urbanas de todo o país.

"Apenas 2% das ruas francesas levam nomes de mulheres. Nesta noite, 'Nous Toutes' renomeou mais de 1.400 ruas com nomes de mulheres célebres ou vítimas de feminicídios. Mulheres ignoradas, censuradas, esquecidas. Não as esqueçamos", escreveu o coletivo "Nous Toutes" em sua conta do Twitter.

Assim, a rua Caulaincourt passou a ser a da antropóloga Françoise Héritier, mãe do estruturalismo francês, a rua Corvisart se transformou na de Anne-Josèphe Théroigne de Méricourt, um dos rostos políticos femininos da Revolução Francesa, e a rua Levis na da informática britânica Stephanie Shirley.

POR SEGURANÇA

 Em alguns países, as manifestações foram em prol de direitos básicos. Na capital de Bangladesh, Daca, centenas de mulheres saíram às ruas para pedir igualdade e segurança nos ambientes de trabalho e nas suas vidas em geral.

"A violência contra a mulher é comum no nosso país, muitas mulheres aqui não levantam suas vozes contra o assédio sexual por ser um tabu social", disse à Agência Efe a diretora-executiva do Centro para a Solidariedade do Trabalhador em Bangladesh, Kalpona Akter, após liderar uma concentração.


Em Nairóbi, capital do Quênia, os protestos têm como lema "humanizar os corpos das mulheres negras". Segundo dados de 2014 do Escritório de Crime do Quênia, quase uma em cada cinco quenianas (21%) sofreu violência sexual. Quase a metade da população feminina (45%) entre 15 e 49 anos relatou violência física e/ou sexual.

Também houve manifestações na Itália, Paquistão, nas Filipinas --onde as mulheres chamaram o presidente Rodrigo Duterte de misógino-- e Alemanha, onde o dia, antes associado ao comunismo, foi considerado feriado pela primeira vez. No Azerbaijão, um protesto pelo fim da violência contra a mulher foi impedido pela polícia.


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