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Saques, incêndios e confrontos marcam 18ª semana de protestos dos coletes amarelos


  Manifestantes condenam alto custo de vida trazido por políticas implementadas por Macron


Milhares de manifestantes, que ficaram conhecidos comocoletes amarelos, tomaram novamente as ruas de Paris neste sábado e entraram em confronto com a polícia. Saques, incêndios e barricadas foram registrados na 18ª semana consecutiva de protestos contra as políticas do presidente francês, Emmanuel Macron , e seu estilo de governar. Os manifestantes afirmam que as políticas do Palácio do Eliseu trazem umalto custo de vida e criticam as reformas fiscais, fundamentais segundo o governo para trazer mais justiça social e econômica. Até o fim da tarde, no horário local, a polícia havia detido cerca de 150 pessoas.


As manifestações reuniram 14 mil pessoas em todo o país, sendo 10 mil somente em Paris, comparados a 2.800 da semana anterior, de acordo com o Ministério do Exterior. As autoridades acreditam que cerca de 1.500 eram "ultraviolentos". Nas redes sociais, alguns organizadores haviam dito que desejavam que a manifestação deste sábado servisse como "um ultimato" ao governo e aos poderosos.
Desde cedo, vários espaços da capital francesa ganharam ares de praça de guerra, com enfrentamentos diretos entre policiais e manifestantes. Ruas ficaram tomadas por barricadas e fumaça, enquanto as forças de segurança responderam com jatos de água e gás lacrimogêneo para dispersar o grupo. , após semanas de relativa calma durante as marchas e um número cada vez menor de participantes. Relatos dão conta de depredações e saques em lojas e agências bancárias localizadas na tradicional Avenida Champs-Elysées.
Vitrines de várias lojas foram quebradas, e uma filial do Banco Tarneaud foi posta em chamas depois combatidas por bombeiros, que resgataram duas pessoas do prédio. Bancas de jornais também foram incendiadas, enquanto fogueiras queimavam nas ruas.
Os manifestantes também saquearam o histórico, e sofisticado, restaurante Fouquet's. Eles ainda queimaram os toldos do estabelecimento, conhecido em toda França por ter sido o local onde o ex-presidente conservador Nicolas Sarkozy foi comemorar a vitória nas eleições de 2007.

Estrangeiros estariam infiltrados

Autoridades francesas já esperavam uma grande mobilização neste sábado. Havia inclusive expectativa de que ativistas ultraviolentos, alguns vindos do exterior, estariam infiltrados entre os manifestantes. A algumas centenas de metros da confusão, o primeiro-ministro Edouard Philippe classificou a violência como "inaceitável", prometendo levar os responsáveis à Justiça.
— Estamos lidando com centenas, e em alguns casos milhares, de pessoas muito determinadas que estão aqui para criar desordem — afirmou.
Pelo menos 5 mil policiais e seis carros blindados foram mobilizados para fazer a segurança em Paris e cidades como Bordeaux, Dijon, Caen e Montpellier.
Segundo as autoridades francesas, outras cerca de 36 mil participaram de uma outra não relacionada e pacífica marcha pedindo ação contra as mudanças climáticas.



Macron reage e busca aproximação

Os seguidos protestos levaram Macron a fazer maratonas de debates com prefeitos e estudantes em discursos de tom conciliador, numa tentativa de se desvencilhar da imagem arrogante de "presidente dos ricos" impingida desde seus primeiros meses no poder . Além disso, ele multiplicou encontros com lideranças partidárias e da sociedade civil. Alterações foram promovidas em sua equipe no Palácio do Eliseu: colaboradores de longa data deram lugar a outros nomes para criar uma nova dinâmica na Presidência.
Antes um rigoroso crítico dos frequentes encontros de seu antecessor, François Hollande, com jornalistas, Macron mudou de ideia: recentemente, convidou seis representantes da mídia para uma conversa de duas horas e meia em seu gabinete. Em seu forçado processo de mutação, chegou mesmo a ensaiar um mea culpa por suas constantes frases de efeito, percebidas como um desprezo pela população, que tanto prejudicaram sua imagem.


Os protestos dos coletes amarelos começaram em meados de novembro devido à alta nos impostos sobre combustíveis. Desde então, eles se ampliaram em uma revolta contra o presidente Macron e uma classe política vista como fora de contato com as pessoas comuns.
Os protestos muitas vezes se tornaram violentos, causando danos a alguns dos monumentos mais famosos de Paris, como o Arco do Triunfo em dezembro. Os críticos também acusam a polícia de usar força desproporcional na repressão.
O número de manifestantes que vai às ruas francesas vinham diminuindo gradualmente, mas dezenas de milhares de pessoas ainda se apresentam semanalmente para protestar em toda a França.

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