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Mangueira é a campeã do carnaval 2019 do Rio


Escola recontou a história do Brasil a partir de heróis negros e índios. Viúva de Marielle Franco, vereadora do PSOL morta em março do ano passado, desfilou na última ala.

A Mangueira é a grande campeã do carnaval 2019 do Rio de 
Janeiro. A Imperatriz Leopoldinense e a Império 
Serrano foram rebaixadas.

Para conquistar o seu 20º título, a Mangueira deu uma aula
 de história na Sapucaí. Mas foi uma história alternativa,
 com destaque para heróis da resistência negros e
 índios 
em vez dos personagens tradicionais das páginas de livros escolares.

O enredo “História pra ninar gente grande” foi assinado 
pelo carnavalesco Leandro Vieira e contado em 24 alas e 
cinco alegorias. Em busca do título, a Mangueira exibiu uma bandeira do Brasil com as cores da escola no final do desfile.



"A gente passou a mensagem que a gente queria, não só pro 
Brasil, mas para o mundo inteiro, a valorização da nossa raça, 
os verdadeiros desbravadores deste país", comemorou a
 rainha de bateria Evelyn Bastos, destacando que a escola 
exaltou a história do povo negro.
"Lava a alma. A Mangueira estava esperando esse título. 
Foi muita batalha", afirmou Alvinho, ex-presidente da escola.
 "Fizemos um grande espetáculo e, semana que vem, se 
Deus quiser, vamos repetir."

O carnavalesco Leandro Vieira, que conquistou o segundo
 campeonato da sua carreira, também celebrou a vitória. 
"A Mangueira merece esta festa. A Mangueira é uma 
escola que faz carnaval para representar uma comunidade importante.
Para Vieira, este foi um "carnaval de representatividade".
 "Esses homens e essas mulheres aqui são os heróis do
 meu enredo, que merecem sempre ser exaltados. Aqui 
mora o que tem de melhor nesse país. E o que tem de 
melhor nesse país faz essa festa que o mundo todo aplaude", vibra.
"É um recado político para o país todo, que tem que entender
 que isso aqui é importante. É um recado político também 
para o presidente mostrar que o carnaval é isso aqui. 
O carnaval é a festa do povo. O carnaval é cultura popular.
 O carnaval não é o que ele acha que é. O carnaval é isso. 
E ele deveria mostrar para o mundo o carnaval da Mangueira. 
O carnaval da arte, o carnaval da luta, o carnaval do povo, 
o carnaval da cultura popular."

Vitória de ponta a ponta
A Mangueira liderou a disputa de ponta a ponta.
 A escola e a Viradouro tiveram uma competição 
apertada nos primeiros três quesitos, mas, a partir 
do quarto, de alegorias e adereços, a Mangueira 
assumiu a primeira posição sozinha até o final da 
apuração das notas.
A escola verde e rosa apenas perdeu três décimos
 durante toda a apuração, mas estas notas mais 
baixas foram descartadas na pontuação final.


Trajetória no carnaval do Rio



No ano passado, a Mangueira ficou em 5º lugar, com
 um samba-enredo que exaltou a simplicidade do
 carnaval. A campeã foi a Beija-Flor. A última vez que 
a verde e rosa levou o troféu foi em 2016, quando
 homenageou a cantora Maria Bethânia.

Ranking de títulos no carnaval

Com a vitória neste ano, a Mangueira chegou
 ao seu 20º título no carnaval do Rio de Janeiro,
 apenas dois a menos que a maior campeã, a Portela.

Desfile das campeãs

A Mangueira vai fechar o Desfile das Campeãs neste
 sábado (9) na Marquês de Sapucaí. Também vão 
desfilar as outras cinco escolas mais bem 
classificadas na apuração das notas: Viradouro,
 Vila Isabel, Portela, Salgueiro e Mocidade 

Independente de Padre Miguel.
O Desfile das Campeãs começa às 21h15.
 Os ingressos para assistir os desfiles ainda estão 
disponíveis e podem ser consultados no site da 
Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa).

Destaques do desfile

  • O segundo carro apresentou uma releitura do
  •  Monumento às Bandeiras, em São Paulo. 
  • A obra apareceu manchada de sangue, em 
  • referência à forma violenta com a qual os 
  • bandeirantes exploravam o Brasil
  • Uma ala com passistas, a bateria e outras 
  • partes do desfile deram destaque às rebeliões
  •  e fugas de escravos
  • O samba citou Marielle Franco, vereadora do 
  • PSOL morta a tiros em março do ano passado. 
  • A arquiteta Mônica Benício, viúva de Marielle, o 
  • deputado federal Marcelo Freixo (PSOL) e o vereador
  •  Tarcísio Motta (PSOL) desfilaram à frente da última ala

Com 3.500 componentes, a escola verde e rosa 
apresentou heróis como o guerreiro Sepé Tiaraju, 
que tentou evitar o massacre dos guaranis pelas 
tropas de Portugal e da Espanha.
Foram recontadas batalhas entre índios e portugueses,

 com tribos dizimadas. Uma das alas mostrou os índios
 Cariris e sua luta para que o Nordeste não fosse invadido, 
em um conflito de mais de 50 anos.
Um grupo de musas da comunidade chamou a atenção
 por representar importantes mulheres negras, como
 Acotirene, matriarca do Quilombo dos Palmares, e
 Adelina Charuteira, da campanha contra a escravidão 
no Maranhão.
Outro momento de representação feminina foi um dos 
carros foi empurrado apenas por mulheres.

O quarto carro contou a história de Chico da Matilde.
 O jangadeiro negro lutou para impedir o embarque 
de escravos no Ceará e foi importante para abolição
 da escravidão na região.
As alas seguintes apresentaram caricaturas que 
caçoaram de Pedro Álvares Cabral (apresentado 
como presidiário) e Pedro I (montado em uma mula). 
Cheio de livros gigantes, o quinto carro da Mangueira
 simbolizou "A história que a história não conta", mais

 uma vez questionando as lições ensinadas nas escolas.








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