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Questionamento sobre OSs levou GDF a propor Base como instituto, diz secretário


Servidores que trabalham atualmente na instituição poderão optar por permanecer no hospital, declara gestor. Humberto Fonseca reafirma que não haverá cortes nem redução de direitos.
A Ideia de transformar o Hospital de Base de Brasília em um instituto surgiu porque o modelo de Organização Social (OS) ainda é questionado por órgãos de fiscalização,  o secretário de Saúde, Humberto Fonseca. Outro motivo é descentralizar a gestão do hospital, que poderá contratar funcionários com salários reduzidos. O projeto deve ser apreciado pela Câmara Legislativa, sem prazo para acontecer.
“A questão [das OSs] com o Tribunal de Contas não foi liberada. Agora apresentamos então um modelo diferente, que se rege por princípios privados.”
Segundo Fonseca, os dois modelos se diferenciam, basicamente porque no
 caso de uma OS, a parceria do governo é estabelecida com uma instituição
 privada sem fins lucrativos.
Já no caso do instituto proposto para o Hospital de Base, “é um braço do
 Estado e se rege por regras diferentes da administração, mas de qualquer forma é o Estado agindo na prestação da assistência, não há parceria com instituições privadas”.

Mão de obra

Com relação aos servidores que trabalham atualmente na instituição, 
a secretaria garante que todos poderão manter suas funções no hospital, 
mas terão que se adaptar a uma “grande mudança no sistema de administração”.


“Não vejo por que os servidores irão querer sair. Eles terão seus direitos mantidos, 
a secretaria continuará pagando os salários e poderão trabalhar em um hospital melhor.”
Caso os funcionários escolham deixar o hospital de base depois da implantação 
do projeto, eles poderão ser realocados para outras unidades de saúde do DF.
Questionado sobre uma ociosidade da mão de obra da secretaria, Fonseca
afirmou que a secretaria tem a prerrogativa de determinar as políticas públicas,
e os servidores, a obrigação de exercer as funções estipuladas pelo cargo.

“Quando nós dizemos que o servidor tem a opção de ficar, é um respeito que temos por eles, agora o estabelecimento das políticas de Saúde é competência da secretaria. se ele não quiser se adaptar, 
essa é a política pública e ele pode ser aproveitado em outro lugar."
"Como servidor público, ele tem a obrigação de exercer 
todas as funções de seu cargo. O que não podemos 
é deixar uma mão de obra ociosa, fora do sistema 
adotado pela política pública, desperdiçando um recurso
 humano importante e bem remunerado, como é o caso dos servidores da Secretaria de Saúde", continuou Fonseca.

Discussão


As mudanças no Hospital de Base foram discutidas, de acordo com o 
secretário, com o Conselho Nacional de Saúde – que tem representantes
 dos sindicatos dos trabalhadores ligados à Saúde. Ainda assim, ele disse 
que as medidas não foram debatidas diretamente com os servidores.
“Nós discutimos em todos os níveis de gestão e pretendemos agora falar 
com os servidores para esclarecer, porque a falta de informação leva a
 uma falta de apoio ao modelo.”
Fonseca reconheceu que caso a adesão dos servidores ao novo modelo 
for menor do que o esperado, a secretaria terá mais dificuldades 
para implantação do instituto.

“Se a gente tiver uma adesão alta não teremos muitos problemas. 
Caso contrário, vamos precisar contratar e vamos precisar da autorização 
da governança. São eles que, com a equipe econômica, irão dizer de onde
 a gente vai conseguir tirar esse orçamento.”

Lei de Responsabilidade FiscalDe acordo com o secretário, a questão 
jurídica para o instituto não está “fechada, decidida”. Segundo ele, se for 
obrigatória a inclusão dos gastos com contratação do hospital na Lei de 
Responsabilidade Fiscal, o governo terá que avaliar qual despesa será cortada
 para a liberação de recursos a fim de contratatar funcionários para o instituto.


“Podemos tirar de vários lugares, mas o gasto com pessoal também tende a 
diminuir porque há uma disposição no projeto que diz que temos que pagar 
salários com base em uma avaliação de mercado. Então teremos a oportunidade 
de substituir os servidores que não quiserem permanecer no hospital por 
trabalhadores que tem custo menor. Isso pode dar uma eficiência orçamentária 
a longo prazo”, disse.
O gestor afirmou que o modelo do instituto tem o aval do Supremo Tribunal
 Federal. Ele citou uma decisão de 2008 que julgou o caso do instituto Paraná 
Educação e usou como exemplo as escolhas de gestão feitas pelo hospital Sarah Kubistchek. Para o secretário, é o “grande exemplo de serviço social”.

A opção para contratação de Organizações Sociais na gestão da Saúde 
pública do DF não foi eliminada, segundo Fonseca. Ele afirmou que o governo 
ainda acredita que as OSs são um bom modelo e que os projetos para contratação
 das organizações para gestão das UPAs estão em análise na Câmara Legislativa.
A apreciação ainda deve passar pelas comissões de Constituição e Justiça, 
Orçamento, Educação e Saúde e Assuntos Sociais. “Acreditamos que é um 
bom projeto e permite que façamos a agilidade necessária para dar as respostas 
que a Saúde do DF precisa.”

Fraudes em atestados
O Ministério Público do Distrito Federal e a Polícia Civil deflaglaram na quarta-feira (15) a Operação Hígia, que identificou médicos do Hospital de Base que chegaram a receber até R$ 15 mil, por mês, em horas extras indevidas. Segundo o inquérito, os profissionais contabilizavam, mensalmente, cerca de 135 horas a mais de serviço – carga acima da autorizada pela Secretaria de Saúde.

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